Eu adoro participar de debates, acho uma boa forma de apresentar minhas idéias e propostas e ouvir as dos meus interlocutores.
Normalmente todos saem com um horizonte um pouco mais largo e uma outra perspectiva sobre o assunto discutido.
A internet (se fosse usada de maneira mais madura) seria a ferramenta ideal para propagação de idéias e de debates. Mas na adolescência da humanidade e na infância da sociedade brasileira ela acaba sendo usada mais para propagação de piadas, vídeos de sexo e discursos de ódio.
Um dos quebra-paus mais esquisitos que temos atualmente é o tal do “direita coxinha x esquerda mortadela (ou caviar)” onde basicamente todo mundo se ofende o tempo todo com frases “você é de direita, seu safado” ou “esquerda comunista de merda” e outras várias bizarrices do tipo, quem costuma acessar sites políticos sabe bem do que eu estou falando. O interessante é que em alguns destes debates eu invariavelmente acabo perguntando de propósito se alguém pode me explicar o que é ser de direita ou de esquerda atualmente e quando alguém me responde (raro), as resposta sempre vão para “esquerda defende o povo” e a “direita defende o rico” ou “esquerda é comunista” e “direita é capitalista”(como se o capitalismo fosse forma política e não econômica….).
Assim, pelas respostas que eu recebo, me parece óbvio que as pessoas realmente tem pouca noção sobre o que é ter uma posição política de esquerda ou direita e resolvi escrever um pouco sobre isto de duas formas.
- Forma resumida (pra quem é fã de Twitter e não gosta de ler textos longos)
“Ser de esquerda é defender um governo maior, com maior ação direta na economia e influência dentro da sociedade e ser de direita é defender um governo menor, que atue como fiscal da economia e orientador e zelador da sociedade”
- Forma longa (para quem gosta de se aprofundar)
“As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias francesas do século 18. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população mais pobre, diminuir os poderes da nobreza e do clero.
Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as camadas mais ricas e super conservadoras não gostaram da participação dos mais pobres, e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado aos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo.
Dentro dessa visão, ser de esquerda presumiria lutar pelos direitos dos trabalhadores, a promoção do bem estar coletivo e da participação popular dos movimentos sociais e minorias. Já a direita representaria uma visão mais conservadora, ligada a um comportamento tradicional, que busca manter e promover o bem estar individual.
Com o tempo, as duas expressões passaram a ser usadas em outros contextos. Hoje, por exemplo, os partidários que se colocam contra as ações do regime vigente (oposição) seriam entendidos como “de esquerda” e os defensores do governo em vigência (situação) seriam a ala “de direita”.
Olhando para o Brasil, essa divisão se fortaleceu no período da Ditadura Militar, onde quem apoiou o golpe dos militares era considerado da direita, e quem defendia o regime socialista, de esquerda.
Com o tempo, outras divisões apareceram dentro de cada uma dessas ideologias. Hoje, os partidos de direita abrangem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas, e ainda o nazismo e fascismo na chamada extrema direita, que é mais comum na Europa.
Na esquerda, temos os social-democratas, progressistas, socialistas democráticos, comunistas e ambientalistas. Na extrema-esquerda temos movimentos simultaneamente igualitários e autoritários como os movimentos bolivarianos, o comunismo norte-coreano e os movimentos anti-capitalistas.
Há ainda posição de “centro”. Esse pensamento consegue defender o capitalismo sem deixar de se preocupar com o lado social. Em teoria, a política de centro prega mais tolerância e equilíbrio na sociedade, com o governo atuando como fiscal econômico e social, mas sem ser um gigante consumidor de recursos e sem ter uma função de controle.
Outro tema fundamental para as duas correntes é a visão sobre a economia. Os de esquerda pregam uma economia solidária, com maior distribuição de renda entre todas as camadas independentemente de quanto cada camada acrescenta a economia. Os de direita seriam associados ao liberalismo, doutrina econômica que procura manter a livre iniciativa de mercado e a meritocracia (cada um recebe um percentual equivalente aquilo que contribui).
E dentro desta polarização da nova esquerda e direita ainda existem os conservadores e liberais (existem conservadores e liberais de esquerda e conservadores e liberais de direita) que se apresentam em assuntos como direitos de minorias, pesquisas, aborto, religião, etc. Conservadores tendem a seguir preceitos como valor da família, valores religiosos, enquanto os liberais seguem preceitos como a liberdade do individuo e valores morais.
Agora espero que o leitor consiga ter uma visão mais clara sobre qual é a sua posição política e social e use isto a seu favor nas discussões e futuras eleições (votando em candidatos alinhados com a sua posição).
E sobre a minha posição política?
Eu me vejo como uma pessoa de centro-direita, mas isto é assunto para outro post.
Bom dia
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